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Este site não tem nenhum compromisso com esse "Star Wars-Disney" que virá. Para nós continua valendo aquilo que foi dito inúmeras vezes por George Lucas ANTES dele ser comprado pela empresa de Mickey e Donald. Para nós a saga completa foi lançada em blu-ray e termina no episódio 6.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

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Skywalker significa “andante do céu”, mas poderia também ser algo como “viajante espacial”. Ele herdou o sobrenome da mãe, Shmi Skywalker, já que sua paternidade é desconhecida (há a possibilidade de ele ter sido gerado diretamente pela Força). Fato é que esse sobrenome serviu como uma luva em Anakin, o melhor piloto estelar de sua galáxia! Ele pilotava naves espaciais como se estivesse brincando de carrinho no quintal de sua casa! Suas manobras ousadas eram de arrepiar cabelo de careca!

Ele também é o mais poderoso Jedi que existiu, o “escolhido”, dono de um número de midiclórians jamais visto, o que lhe proporcionava uma ligação fenomenal com a Força. Os que mais se aproximaram de sua altíssima contagem midicloriana foram Mestre Yoda, Darth Sidious e seus próprios filhos: Luke e Leia que herdaram metade das midiclórians do pai (lembrando que eles são filhos de Anakin com Padmé e ela possuía a contagem de uma pessoa normal, não sendo sensitiva à Força).

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Considero Anakin/Vader o personagem mais rico da história do cinema! Essa frase já revela quem é o meu personagem preferido da série Star Wars, não é? É ele, claro. Nunca nenhum personagem conseguiu despertar em mim tantos sentimentos diferentes: simpatia, carinho, admiração, compaixão, raiva, medo, dúvida, curiosidade, alegria, tristeza... E todos em proporções muito grandes. Muito mesmo!!!

Gosto dele independente de nome, aparência ou qualquer outra coisa. Estou falando de um personagem com todas as suas vivências, sendo ele Jedi ou Sith (ou mesmo antes de se tornar Jedi) e independente do ator que lhe dá vida nas diferentes etapas de sua existência. Não me importa se ele está como Anakin ou como Vader, se ele está sem máscara ou com máscara, mesmo porque ele recebe o nome de Darth Vader sem a máscara e volta a ser Anakin Skywalker com a máscara. Portanto, trata-se de uma mesma pessoa, que está muito acima desses detalhes. É claro que não posso dizer que é exatamente agradável vê-lo dentro daquela máscara, pois ela esconde marcas de muito sofrimento, mas tudo isso faz parte da emocionante história do personagem.

Também ao dizer que o admiro tanto como Anakin quanto como Vader não quero dizer que eu aprovo todas as atitudes dele. Não me esqueço de que como Anakin ele foi uma pessoa muito melhor. Vader era um assassino. Como Anakin ele teve apenas um acesso de ódio (quando sua mãe morreu em seus braços) e só matava bandidos, enquanto como Vader ele matava pessoas boas e até crianças apenas para cumprir ordens do Imperador.

Mas a verdade é que Anakin/Vader representa muitas coisas e pode ser visto por diversos ângulos. Herói, anti-herói, vilão, ou todas as opções somadas? Não importa, mesmo porque cada pessoa dá a ele uma qualificação diferente e daqui a pouco neste mesmo texto vou dizer qual é a minha opinião sobre isso. Fato indiscutível é que o protagonista dessa longa e emocionante saga não consegue passar despercebido a ninguém, afinal ele é a personificação da humanidade em toda sua profundeza. O bem e o mal, a força e a fraqueza, a coragem e o medo, a luz e a sombra, o certo e o errado, o amor e o ódio... São conflitos que (quase) todos nós vivemos.

Por ser tão especial e complexo este personagem merece uma análise bastante longa e profunda. Vamos a ela!

Acompanhamos Anakin Skywalker em fases distintas:

-Criança, inocente e bondoso.
-Adolescente, rebelde e instável.
-Adulto, casado e amadurecido.
-Quarentão, solitário e malvado.

Isso sem considerar as fases de transição que ele teve, e sua redenção no final; porque se as considerarmos teremos mais duas ou três facetas de um mesmo ser. Isso mesmo: facetas. Porque ao mesmo tempo em que são fases, também são faces que sempre estiveram dentro dele, mesmo que por algum tempo algumas delas estivessem adormecidas.

Anakin é uma espécie de Yin Yang. Quando estava do lado dos Jedi (luz) havia nele algo de mau e quando estava do lado dos Sith (sombra) havia nele algo de bom. Não é assim que nós, ou a nossa maioria, somos? Isso me faz lembrar de uma música do RPM com o Milton Nascimento, que diz “meio deus, meio demônio, feito nós”. É por aí! E o George Lucas retratou isso de uma maneira muito complexa e intensa através de Anakin/Vader. Ele foi genial!

A linha que separa o bem do mal costuma ser tão tênue! E por isso é perigosa. Este inesquecível personagem nos leva e encarar essa dualidade que há na maioria dos seres humanos! E não é fácil admitir que não somos anjinhos! Muitas pessoas se identificam com ele e talvez tenha medo de assumir isso até para si mesmas!

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Mas nada me fez, faz ou fará enxergar Anakin/Vader como um vilão. Eu o vejo como uma pessoa normal, com as virtudes e os defeitos de uma pessoa normal. Alguém de boa índole, de bom coração, que por amar demais e muitas vezes deixar-se dominar pelo medo e pela insegurança acabou seguindo por um caminho torto. Os defeitos dele, as ambições e a rebeldia na adolescência não eram nada fora do normal. Sua ganância e arrogância nasceram justamente de sua insegurança, do medo de perder as pessoas que amava e de estar sendo enganado pelas pessoas em quem confiou a vida inteira (os Jedi); medo que foi plantado em seu íntimo ao longo dos anos e de uma maneira extremamente cuidadosa e esperta por Darth Sidious/Imperador Palpatine.

Embora Palpatine tenha feito e dito tudo o que era possível para envenená-lo contra os Jedi, embora tenha procurado inflar seu ego dizendo o tempo todo que ele era o melhor Jedi de todos e tenha dito também que o poder do lado negro era maior, a verdade é que o máximo que ele conseguiu com tudo isso foi fazer o jovem Cavaleiro Jedi ficar confuso e desconfiado. Mas quando o assunto era Padmé, a coisa mudava. Anakin ficava visivelmente perturbado. E o medo de perder a esposa grávida era tão grande que ele acreditou facilmente na mentira que o então chanceler lhe contara: que um lord Sith chamado Darth Plaigues inventara uma maneira de vencer a morte!

Anakin amava verdadeiramente Padmé e era para ela um marido amoroso, apaixonado e fiel. Ele não queria perdê-la como perdeu sua mãe. Não queria que ela sofresse como sua mãe sofrera. Não queria se sentir impotente diante das tragédias que ele previa em seus sonhos e visões envolvendo as pessoas que mais amava.

Se ele tivesse sonhado com Padmé morrendo mas não existisse Palpatine com sua influência maléfica e suas mentiras, Anakin não teria ido para o lado sombrio. Ele sofreria com a morte dela, mas iria apegar-se aos filhos, iria querer criá-los, dedicar-se a eles porque como ele mesmo disse: “nosso bebê é uma bênção” (ele não sabia que eram gêmeos). Penso que ele se agarraria a essas crianças e se ele seria ou não expulso da Ordem Jedi já é outra história.

Por outro lado se existisse Palpatine falando todas as besteiras que falou na cabeça de Anakin, mas não tivesse havido o pesadelo, ele também não teria ido para o lado sombrio. Isso porque o que o fez tomar a decisão naquele momento crucial foi o medo da morte de sua amada; foi ao pensar nela e na promessa feita pelo vilão de salvá-la que ele resolveu desobedecer à ordem que lhe fora dada e sair do templo Jedi para evitar a morte deste malvado sith.

Por mais que quisesse maiores poderes e por mais que estivesse desconfiando dos Jedi, Anakin foi leal a eles até o último momento e iria fazer uma investigação depois, com a cabeça fria para descobrir a verdade (foi isso que ele disse a Palpatine/Sidious). Obviamente ele descobriria o que todos sabemos: que os Jedi são mesmo do bem e que Palpatine o estava enganando.

Anakin era de natureza altruísta. Sempre foi assim. Ele se aproxima de um Jedi por uma atitude altruísta e acaba morrendo pelo mesmo motivo. O que o fascina nos Jedi é justamente o altruísmo e ele expressa isso nessas frases: “Compaixão, que eu definiria como amor incondicional é primordial na vida de um Jedi”, dita à Padmé e “Os Jedi são altruístas, só pensam nos outros”, dita a Palpatine para mostrar porque os Jedi são tão diferentes dos Sith.

Colocar uma outra pessoa, (seja ela seu parente, amigo ou um simples desconhecido) acima de si mesmo não é uma atitude de vilão. E vemos que Anakin era uma espécie de anjo da guarda de Obi-Wan Kenobi. Por umas 10 vezes ele salvou a vida de seu mestre e amigo, quase sempre arriscando a sua própria vida.

Vemos também que ele estava lutando o tempo todo consigo mesmo, contra suas más tendências, percebendo que estava sendo arrogante e não deveria... Ele estava amadurecendo! Sem a “amizade” de Palpatine e a premonição com Padmé ele, que já era um grande Cavaleiro Jedi, logo teria se tornado o maior de todos e aprendido a se controlar. Ele já estava aprendendo, aos poucos. Realmente é uma pena que ele tenha sucumbido.

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Uma amiga minha se refere à atitude de Anakin ao ir para o lado sombrio como o “sacrifício do amor”. Sim. Se pensarmos bem ele sacrificou-se por amor. Ele aceitou ir contra sua índole e seus princípios, contra tudo aquilo em que acreditava, tornando-se até um assassino de crianças para tentar salvar a vida da esposa. Ele matava pessoas e depois chorava. Havia momentos em que dava para ver sua face, e sua fisionomia ao cometer esses atos de violência era de dor, desespero e horror. Ele estava antes de tudo desrespeitando e violentando a si mesmo. Ele sabia que era tão grave o que fizera que não teve coragem de assumir seus atos perante Padmé quando ela lhe perguntou.

Ao cometer esses atos, ele penetrou profundamente no lado sombrio e permitiu que o mal o dominasse juntamente com todos os sentimentos negativos como o ódio, o ciúme, a ânsia desmedida de poder...

Talvez se Obi-Wan não tivesse se escondido na nave de Padmé e ido atrás dele... Se ele não tivesse aparecido naquele momento despertando ciúme e ódio em Anakin, Padmé pudesse ter uma chance de fazer seu marido acordar e ver que iria perdê-la se continuasse no caminho que estava seguindo. Talvez ela o convencesse a seguir com ela... Digo “talvez” porque ele já havia cometido muita maldade e além disso, logo se lembraria do pesadelo novamente (e da promessa de Darth Sidious de salvar Padmé)...

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Na verdade, Anakin é uma pessoa marcada pela dor, pelas perdas, pelo sofrimento. Não que eu tenha pena dele porque ele é grande demais para precisar da pena de alguém. Compaixão sim. Ele não me desperta pena, mas compaixão e encanto. Na verdade ele me desperta diferentes emoções e sentimentos, como comentei logo no começo deste texto. Mas, vamos à análise dos fatos marcantes em sua vida fase por fase.

Quando criança, sofria a humilhação de ser um escravo. Mas nem por isso tornou-se um menino revoltado; pelo contrário: o conhecemos aos 8 para 9 anos de idade e ele era um bom filho que construiu um robô para ajudar a mãe nas tarefas domésticas, não conhecia a cobiça, ajudava a todos que podia sem esperar algo em troca, sonhava tornar-se um Jedi para defender a paz na galáxia e libertar todos os escravos.

Ele era muito apegado à mãe, sua única protetora. Mas se não vivesse em um planeta tão distante (Tatooine), teria sido encontrado antes pelos Jedi. Assim, ele teria sido treinado a partir dos 4 ou 5 anos, que é a idade correta para uma criança deixar a família e iniciar o treinamento conduzido por Yoda. Desta maneira, ele não teria tempo de ficar tão apegado à sua mãe...

Na adolescência, fase de rebeldia, Palpatine soube bem aproveitar-se do momento e ajudou que seus sentimentos negativos (que todo mundo tem) aflorassem e viessem à tona. Aos 19 anos o vemos atormentado pela distância de sua mãe, os sonhos com ela, o amor contido e proibido que já sentia por Padmé desde criança e os 10 longos anos de tristeza por não vê-la, além do duro treinamento Jedi com todas as restrições impostas por esta “carreira”.

Depois, viveria um dos momentos mais tristes de sua vida: a morte de sua mãe, em seus braços após ter sido torturada – o que aumentou o conflito interno entre seu amor (que o fazia querer salvar vidas) e seu ódio (que o fazia tirar outras vidas como fez com uma tribo inteira do povo da areia para vingar a morte de sua mãe). A seguir, teria que lidar com outra perda: parte de seu braço direito, decepada em um duelo com Cound Dooku/Darth Tyranos, o que o obrigou a usar uma prótese mecânica.

Um alívio em meio ao caos veio com a descoberta do amor e seu casamento com Padmé. Foram três anos de casamento feliz em meio às guerras clônicas em que ele foi um dos principais heróis. Nesse período, o padawan tornou-se Cavaleiro Jedi e o adolescente tornou-se adulto.

Mas, na fase adulta, mais sofrimento: o pesadelo com Padmé e a insegurança desesperada que isso lhe trouxe o faria perder o equilíbrio que vinha pouco a pouco conquistando. E isso justamente após ouvir uma notícia que mudaria para sempre a vida do casal: Padmé lhe revelara que estava grávida e ele considerava este como o dia mais feliz de sua vida.

O vemos então, aos 23 anos, indo para o lado sombrio da Força, o que o obrigou a cometer atos aos quais ele sempre fora contra. O sentimento de ciúme que o perturbava fez com que ele quase enforcasse a esposa. E para completar vemos a amputação de suas pernas e do braço restante por aquele que antes era seu melhor amigo e que ele traíra: Obi-Wan Kenobi.

Sempre que assisto ao filme penso no quanto ele sofreu. Ter partes de seu corpo cortadas e em seguida ser queimado vivo!!! Sentir a dor da amputação seguida da dor gigantesca das queimaduras por todo o corpo. Ver sua pele sendo cozida pelo fogo e estar ali indefeso, sem poder andar ou chamar por alguém (já que seu ex-amigo fora embora, deixando-o sozinho ali para morrer). Talvez ele tenha mesmo preferido morrer naquele momento!

Como se tudo isso não bastasse, foi levado por Palpatine para um centro médico onde lhe colocaram próteses mecânicas das metades que faltavam em suas pernas e braços (devem também ter substituído a prótese do braço direito que havia sido danificada pelo fogo). Ele demonstra muita dor na hora da cirurgia que parece ter sido feita sem anestesia. E se foi com anestesia, certamente não surtiu enfeito relevante!

Acho que ali ele pagou por todos os erros que cometera, e por antecipação também já estava pagando por muitos dos que ainda cometeria; afinal, as marcas dessa tragédia o acompanhariam pelo resto da vida, o obrigando a usar uma incômoda e pesada máscara para que pudesse respirar adequada e suficientemente para continuar vivendo, ou melhor... sobrevivendo.

Com todo esse sofrimento, ao ser erguido na maca, a primeira coisa que ele pergunta ao seu “mestre do mal” após confirmar que o estava ouvindo perfeitamente é onde está Padmé. “Ela está bem, ela está a salvo?”. Está aí mais uma prova do amor que ele sentia por ela. Não era apenas posse ou apego. Ficou claro que era amor, porque ele sabia que não teria mais chances de ficar com ela já que seguiria com o Imperador e devia obediência àquele que o “salvara” da morte. Ele queria apenas que ela estivesse bem e a salvo. Então ele ouve mais uma mentira de Darth Sidious/Palpatine, que lhe diz: “Parece que em seu ódio, você a matou”. Então, Vader lembra-se de tê-la tentado enforcar por ciúme de Obi-Wan e de ter sentido que ela estava viva naquele momento em que ele a soltou e ela caiu no chão. Mas após dizer ao Imperador que ele a sentira viva, ele busca seus sentimentos e constata que agora, naquele exato momento ela estava morta. De fato, ela acabara de morrer após o parto. Mas Vader com certeza pensa que ela morreu devido ao quase enforcamento, portanto acredita ter matado sua amada juntamente com o filho que ela esperava. Sentindo um misto de tristeza, dor, desespero, culpa e ódio ele destrói o centro médico só com seu pensamento, usando o lado negro da Força.

Ele agora era um homem sozinho, aleijado, cheio de próteses mecânicas, doente dos pulmões, malvado, temido e culpado pela morte da esposa. Uma culpa que ele carregaria por toda sua vida; culpa que na verdade não lhe pertencia, pelo menos não de maneira direta. Vader não matou Padmé. Ela estava bem fisicamente, mas perdeu a vontade de viver e entregou-se. O fato é que Padmé Amidalla morreu de tristeza. Essa tristeza era por culpa das atitudes dele, mas definitivamente ela não morreu pelas mãos de seu marido.

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Darth Vader, para quem assistiu primeiro aos filmes antigos, ficou marcado como um terrível vilão, considerado o maior de todos os tempos por muitos. Aquela aparência assustadora, todo de preto, com aquela capa, aquela máscara horrorosa, a voz tão firme quanto seus passos e principalmente aquela respiração mecânica... Tudo isso era de dar medo mesmo! Mas observando com olhos mais atentos, vemos que, se ele for um vilão, com certeza é muito diferente dos vilões convencionais.

Vader é um “vilão” até elegante. Alto, dono de uma postura imponente, muitas vezes parece ser bastante racional e ponderado, quando não é dominado pelo ódio. Consegue manter civilizadamente uma conversação, o que mostra que ele não é um monstro. Altivo, autoritário, mas às vezes dá aos seus subordinados mais de uma chance de acertarem suas tarefas antes de matá-los.

Bem contido, não é de viver gritando. É sério, mas sabe ser bem irônico quando quer. Talvez atrás da máscara ou dentro de sua câmara, ele sorria ou chore. Mas não gargalha macabramente como a maioria dos vilões. Vilão que é vilão ri muito, debocha sadicamente e se diverte fazendo o mal, pois tem prazer em ver sua vítima sofrer. Vader é diferente. É tristonho, muitas vezes pensativo.

É interessante vê-lo dentro de sua câmara sentado, com as pernas cruzadas parecendo um Buda vestido de negro. Ninguém fazia idéia de que a armadura e a máscara escondiam um homem frágil e debilitado.

Ele também não é falso. Não se finge de bonzinho como muitos vilões costumam fazer para enganar suas vítimas. O próprio Palpatine se utilizou dessa estratégia.

A verdade é que Vader soube usar e abusar do que lhe restou na vida: o poder, a riqueza e o mal. Mas isso não lhe satisfazia por completo. Sua vida era bastante vazia. Enfim, ele não era feliz, mas achava que era muito tarde para voltar atrás.

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No fim da vida, ele sacrifica-se novamente por amor, dessa vez por amor ao filho. E nesse caso ele não sacrifica apenas sua boa índole e seu bom coração como fez antes. Ele sacrifica sua própria vida.

Ele começa a dar sinais de que a bondade ainda existia em seu coração logo ao saber da existência de seu filho. Ao ouvir essa surpreendente revelação do Imperador, que demonstra clara intenção de matar aquele que vê como seu perigoso novo inimigo, Vader diz: “Ele é apenas um garoto e Obi-Wan não pode mais ajudá-lo”. O Imperador insiste que o garoto é perigoso e que não pode tornar-se um Jedi. Então Vader apresenta uma alternativa para que o garoto não seja morto: trazê-lo para o lado negro. Uma clara tentativa de proteger o filho.

Durante o primeiro duelo cara-a-cara que trava com seu filho (porque antes eles haviam se enfrentado apenas no ar, quando Vader perseguiu a nave de Luke sem saber ainda quem ele era), Darth Vader testa as habilidades de Luke e chega a cortar-lhe a mão, mas quando tem uma real e fácil oportunidade de matá-lo não o faz. Pelo contrário: desliga seu sabre de luz, revela ao jovem que é seu pai e calmamente tenta convencê-lo a juntar-se a ele.

Quando Luke foge e em seguida a nave em que ele se encontra após ser resgatado por Lando e Leia entra na velocidade da luz, percebe-se Vader visivelmente triste e perdido. “Ele era o C-3P0 desmontado” (como disse George Lucas a respeito de como Vader sentia-se naquele momento).

Alguma coisa nele havia mudado e aqui está a prova: o Almirante Peat acabara de perder de vista a nave em que estava Luke e já havia falhado com Vader outras vezes. Peat estava avisado de que se falhasse novamente não teria outra chance. Naquele momento o almirante considera sua morte como certa, mas Vader passa por ele rapidamente, sem dar-lhe a menor importância; afinal, era seu filho que havia ido para longe e isso o aborreceu profundamente, fazendo-o ver o quanto era banal ficar matando seus subalternos a torto e a direito.

Desde então, não se vê mais Darth Vader fazendo maldades, pelo menos não de forma direta como enforcar e/ou matar seus subordinados, torturar pessoas... Encontrar Luke e trazê-lo para seu lado era agora sua nova meta de vida.

Um ano depois, finalmente Vader consegue encontrar o filho, que acaba entregando-se a ele. Luke (assim com Padmé antes de morrer) percebera a bondade que ainda havia no pai e sentiu que poderia devolvê-lo ao lado iluminado da Força.

Ao dizer “É muito tarde para mim, filho” (voltar para o lado da luz), ele dá a entender que se não fosse tão tarde, até poderia voltar. Isso mostra que no fundo Darth Vader reconhece que talvez não tenha feito a escolha certa, e que para o seu filho ainda havia tempo. Porém, ele não diz mais nada pois sabe que se mandasse Luke fugir naquele momento, teria que enfrentar a ira do Imperador, que facilmente encontraria o rapaz e o mataria. E isso fica ainda mais claro quando ele diz: “Você não conhece o poder do lado negro, eu tenho que obedecer meu mestre”. Ou, trocando em miúdos: “O Imperador é mais poderoso que eu e se eu não obedeço ele acaba comigo!” Vader sabia que ninguém em toda galáxia tinha mais controle sobre o lado negro do que Darth Sidious. Então, temia desobedecê-lo até que alguém pudesse ajudá-lo a derrotá-lo (no caso, Luke).

Ao levar Luke ao Imperador, vemos mais uma demonstração da mudança que já ocorria no íntimo do “lord negro dos Sith”(como Vader é chamado): ele anteriormente havia proposto a Luke que eles derrotassem o Imperador e governassem a galáxia juntos como pai e filho. Vader queria que Luke matasse o Imperador. Mas ao mesmo tempo estava confuso. No fundo não queria que o filho abraçasse o lado negro. Tanto é que no momento em que o Imperador Darth Sidious consegue fazer o ódio de Luke vir à tona e este pega seu sabre de luz para matá-lo com um golpe rápido e certeiro, Vader ainda mais rápido, o impede bloqueando o golpe com seu sabre, salvando Luke de ir para o lado negro. E assim eles iniciam seu segundo duelo de sabres; porém desta vez com Luke sabendo que Vader é seu pai.

Por que Vader impede Luke de matar o Imperador? Ora, Vader ao propor a Darth Sidious que trouxesse seu filho para o lado deles já conhecia há muito tempo a regra que existe entre os Siths: sempre existiram apenas dois Siths no Universo, dois “darths”. Nem mais e nem menos, sendo um mestre e o outro aprendiz. Vemos que ele mostra em seu primeiro diálogo com Luke que tinha a intenção de matar Sidious para tomar o lugar dele como mestre tendo Luke a seu lado, como seu aprendiz. Vader sabia que ou o Imperador ou ele próprio teriam que morrer. Ele também sabia que Palpatine queria matá-lo e colocar Luke em seu lugar. Portanto, se Luke matasse Sidious naquele momento, seria ótimo para Vader. Mas... ele impediu que Luke fizesse isso. Para que? Obviamente para proteger o Imperador é que não foi! Num impulso, o lado paterno falou mais alto e Vader fez isso para impedir que Luke fosse para o lado sombrio como aconteceria se ele conseguisse matar o Imperador, e ao mesmo tempo impedir que o filho fosse morto se o malvado conseguisse se defender do golpe de Luke a tempo. O que está claro é que Vader estava em um conflito terrível: queria proteger a vida do filho, queria ter o filho ao seu lado pra juntos governarem a galáxia mas no fundo não queria que Luke repetisse sua sina indo para o lado do mal.

Por fim, Vader vê seu filho pedindo por seu socorro no chão, sendo atacado pelos raios que saem das mãos de Darth Sidious. Vader naquele momento sabe que não há muito a fazer. Ele sempre fora extremamente sensível àqueles raios e não poderia detê-los. Este era seu ponto fraco. Além disso, estava sem uma das mãos, que fora arrancada por um golpe de Luke durante o último duelo. Também perdera seu sabre de luz. Mas ele percebe que Luke, embora bastante resistente, iria mesmo acabar morrendo. Mais uma vez Vader deixa o amor pelo filho falar mais alto e libera a bondade que sempre existiu dentro de seu coração (embora adormecida) e reunindo suas forças, agarra com sua mão restante o velho Imperador sem dar-lhe tempo de reação, e o joga lá embaixo no reator, que explode fazendo em pedaços o mestre do mal.

Vader é fortemente atingido tanto pelos raios do Imperador como pelos efeitos da explosão do reator e isso danifica o seu sistema de suporte respiratório; conseqüência com a qual ele sabia que teria que arcar ao decidir salvar seu filho. Sua máscara fica danificada e sem ela funcionar, Vader apresenta a respiração asmática de seus pulmões fracos e lesados pelo incêndio ocorrido há mais de 20 anos. Ainda assim, consegue caminhar com o apoio de Luke até o hangar onde está sua nave, mas cai e percebe que não irá sobreviver até chegar a um hospital.

Porém ainda há tempo para mais um gesto de amor, a derradeira demonstração de que a bondade de fato não o abandonara: após ter a máscara retirada a seu pedido por Luke, ele manda que seu filho se salve e o deixe ali já que ele iria mesmo morrer (o que Luke, obviamente não obedece).

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Com esse ato de amor e bravura, Vader solucionou ao mesmo tempo várias questões:

- Cumpriu a profecia provando que era mesmo o escolhido.
- Matou Darth Sidious e se redimiu, assim acabando com os Sith.
- Acabou com o Império, possibilitando a volta da República.
- Restaurou a paz na Galáxia.
- Devolveu o equilíbrio à Força.
- E o mais importante: fez tudo isso num ato de amor, ao salvar a vida do filho arriscando a sua.

E foi assim que mais uma vez ele sacrificou-se por amor. Este ato (com todos os benefícios que vieram dele) somado a todas as boas ações que ele fizera na vida antes de se tornar um Sith e os sofrimentos pelos quais passou (um preço alto que pagou por sua infeliz escolha) o redimiram permitindo que ele voltasse para a luz.

Após ter seu corpo cremado pelo filho, ele une-se à Força e retorna do mundo espiritual ao lado de Obi-Wan e Yoda durante a comemoração da liberdade galáctica. Ele foi mau durante muito tempo e só os bons se unem à Força e retornam em espírito. Mas felizmente, com a ajuda de Luke, ele conseguiu redimir-se antes de morrer. Por tudo que ele fez de bom e por tudo que passou de ruim, ele mereceu o perdão da Força!

Se Vader não tivesse matado o Imperador, Luke teria morrido e da mesma forma que ele teve tempo de pegar uma nave e fugir com o corpo do pai (mesmo tendo caminhado bem de vagar até o hangar), Darth Sidious também teria fugido, e ainda mais rapidamente! A Estrela da Morte explodiria, mas ele conseguiria construir outra e o Império continuaria assombrando a galáxia.

Portanto, vê-se que Vader começa a saga como herói, transforma-se em vilão e conclui o ciclo voltando a ser herói novamente, deixando a galáxia inteira livre do mal e cumprindo a missão para a qual nasceu.

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Como eu disse no começo, Anakin Skywalker era o mais poderoso de todos os seres de sua galáxia em relação à Força. Quando era criança participava de corridas de pod sendo ao mesmo tempo o único humano e a única criança a correr. Eram corridas perigosíssimas que requeriam muito reflexo e habilidades especiais. Anakin, aos 9 anos venceu uma dessas corridas, utilizando um veículo construído por ele próprio!

Mais uma prova do quanto a presença da Força era fenomenal nele: totalmente guiado pela Força ele vai parar numa nave sem saber direito o que estava fazendo e quase sem querer a faz funcionar. Isso ainda aos 9 anos e sem conhecer absolutamente nada do seu funcionamento! Ele então vai para o céu e acaba fazendo o que era tarefa difícil para qualquer adulto: destrói, de dentro para fora a nave da federação de comércio, que controlava os dróides que estavam atacando e destruindo os habitantes do planeta Naboo! Um herói espantosamente precoce!

Com o treinamento Jedi, ao longo dos anos, seus poderes foram crescendo incrivelmente! Porém depois da tragédia, suas habilidades ficaram limitadas. Desde então, ele não tinha mais a mesma agilidade devido às partes mecânicas em eu corpo e à dificuldade para respirar. Ainda assim, não se pode saber se seu número de midiclórians diminuiu e até que ponto isso pode ter ocorrido. Fato é que ele aprimorou-se cada vez mais no uso da Força e aprofundou-se no lado negro, tornando-se quase indestrutível a ponto de conseguir aparar disparos de armas de fogo com suas próprias mãos e matar pessoas à distância apenas através de seu pensamento!

Mas ele não conseguiu o que teria conseguido se não acontecesse o acidente: tornar-se mais poderoso que o Imperador, derrotá-lo e tomar o seu lugar. Ele quis fazer isso antes do acidente quando esperava ainda ter Padmé a seu lado, o que ela obviamente negou. Depois ele só teria novamente essa chance com Luke, que poderia vencer o Imperador; coisa que ele àquela altura, debilitado (em relação ao poder do Imperador apenas) e submisso, dificilmente conseguiria sozinho (pelo menos era o que ele achava). Como ele próprio impediu que Luke matasse o Imperador, ele jamais conseguiu alcançar o poder máximo que almejara.

Se pensarmos por outro lado porém, foi ele quem destruiu quase todos os Sith existentes na saga, exceto Darth Maul, que foi morto por Obi-Wan. Foi Anakin/Vader quem destruiu o Conde Dooku/Darth Tyranos, o Imperador Palpatine/Darth Sidious e acabou destruindo a si mesmo e duplamente: primeiro ele destruiu Darth Vader, ou seja, destruiu seu lado “sith” ao dar fim à vida do Imperador que era a fonte do mal que dominava a galáxia. E depois, ele próprio acabou morrendo (mas morreu como Anakin Skywalker). Poderoso do começo ao fim!

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Outra coisa importante a comentar é que não vejo em Darth Vader um homem-máquina, um ciborgue, como o Robocop por exemplo. O vejo como um deficiente físico, uma pessoa doente. Só o fato de ele usar uma máscara respiratória e ter próteses nos membros superiores e inferiores não o faz ser menos gente do que qualquer outra pessoa. Mesmo porque, com o avanço da medicina e da tecnologia, de certa forma essas alternativas de “cura” para essas deficiências estão cada vez mais reais. Muitas pessoas usam próteses, e outras precisam de aparelhos para respirar. Nem por isso são considerados “metade máquina”.

Mas... dizer que Vader é metade máquina, é falar apenas de seu corpo físico e não do ser como um todo. Parte de seu corpo é de próteses mecânicas. Mas isso é apenas a metade de cada braço e de cada perna.

Seus pulmões foram seriamente lesados, mas ainda assim funcionam desde que haja mais ar no ambiente do que o normal. Na verdade Vader ficou como uma pessoa asmática. A máscara e a câmara de ar pressurizado onde ele vive quando está sozinho funcionam como se fossem uma espécie de “bombinha de ação constante”. A máscara é controlada pelo painel existente na armadura que ele é obrigado a carregar quando está fora de sua câmara. São recursos médico-tecnológicos que o ajudam a viver.

Os demais órgãos de Vader funcionam normalmente e isso demonstra que apenas um órgão está com problemas (na verdade dois, pois parece que seus dois pulmões foram lesados). Externamente seu corpo ficou marcado pelas cicatrizes das profundas queimaduras. Mas é isso: viraram apenas cicatrizes.

Botando “na ponta do lápis” vemos que o corpo de Vader ainda é bem mais humano do que máquina, ao contrário do que aconteceu com o General Grievous. Ele sim, pode ser considerado um ciborgue, pelo menos fisicamente falando. Ainda mais que no caso dele, apenas cerca de 10% de seu corpo era humano. Aliás, todo seu corpo era robótico, apenas alguns órgãos eram humanos. Ele tem andar e gestos de robô e não se sabe nada sobre seu cérebro.

Darth Vader, ao contrário, anda e gesticula como qualquer pessoa normal, mesmo porque suas próteses eram muito perfeitas e permitiram uma adaptação rápida (como podemos ver no filme III). Não estou certa nem se seus joelhos são mecânicos; se forem, são próteses muito bem feitas porque ele os flexiona perfeitamente.

Vou citar um personagem de outro filme que no meu ver se encaixa, assim como o General Grievous, no rótulo “homem-máquina”: o Robocop. No caso dele sabemos que até seu ser interno ficou confuso, porque encheram seu cérebro de chips e programações. Sendo assim, sua capacidade de pensar sozinho ficou prejudicada. Ele vivia em uma perturbação constante: de um lado fazer o que ele queria e de outro lado, fazer o que sua programação mandava. Ele tinha partes robóticas em quase todo o corpo, se não me engano da cintura para baixo, embora ainda tivesse funções orgânicas. Mesmo assim muitas de suas funções orgânicas não funcionavam sozinhas. Pelo menos 50% deste homem, contando o ser de uma forma completa, era máquina. Caso completamente oposto ao de Vader, que era um homem inteiramente pensante e consciente, com todos os sentimentos e conflitos de um ser humano.

Com certeza, alguém que nunca tivesse visto Darth Vader antes, ao olhar para aquela figura assustadora não conseguiria saber de imediato quem ou o que era “aquilo”. Mas embora a princípio (principalmente no filme IV) como o próprio George Lucas comentou, ele pareça estar perdendo sua humanidade devido às partes mecânicas que possui – além de aparentar já ter perdido seus sentimentos devido ao lado negro, o que nos vai sendo revelado é exatamente o contrário em ambos os aspectos: descobrimos que por trás daquela veste e máscara há uma pessoa de carne e osso, e por trás de sua aparente frieza cruel existe ainda um facho de luz que representa o bem ainda presente em um homem que um dia negou-se a ignorar seus sentimentos deixando-se dominar por eles.

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Talvez justamente o fato de ser movido por seus sentimentos tenha sido a ruína de Vader. Palpatine o aconselhava a seguir seus sentimentos, porque sabia que um Jedi não podia jamais deixar que sentimentos pessoais como amor, afeto ou ódio ficassem à frente da sensatez, da calma, do raciocínio e dos compromissos com a Ordem Jedi.

Os Jedi precisam se superar e ficar acima das emoções profundas. Devem ser pessoas controladas e equilibradas. Excesso de sentimentos desestabiliza os Jedi e os tira do seu foco principal. Anakin, no entanto, recusou-se a colocar seus sentimentos em segundo plano e a ser uma pessoa muito racional e sem emoções. Ele entregou-se sem freios ao seu amor, ao seu ódio e até ao seu medo. Foi aí que ele foi sugado pelo o lado negro (ou sombrio) da Força.

Ele foi para as trevas por amor à esposa, mas por amor ao filho, voltou à luz. O fato de amar demais foi sua ruína e sua redenção.

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Quando se vai para o lado negro não se volta, avisou Yoda. Mas até mesmo essa regra Anakin Skywalker conseguiu quebrar! Ele sempre foi mestre em quebrar regras e romper barreiras.

Foi o único Jedi a começar a ser treinado como padwan já com 9 anos de idade, a se casar, ter filhos e deixar-se guiar pelas emoções; assim como foi único Sith que conseguiu deixar de ser Sith e voltar a ser, no último momento, um Jedi.

E é como Jedi que ele está olhando por seus filhos gêmeos Luke e Leia, do lado espiritual da Força.

Que a Força esteja contigo, Ani! Onde quer que você esteja!!!

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