O U.E. SEGUNDO GEORGE LUCAS

Eu estava em dúvida entre estender ou não a minha análise a esse universo tão controverso. Por fim, optei por fazê-lo, já que conheço bem o assunto e tenho uma opinião formada sobre ele. Além disso, trata-se de um assunto relacionado a Star Wars. Portanto, não tenho porque não comentá-lo.

Eu considero a imensa maioria do conteúdo do U.E. uma afronta à inteligência dos grandes fãs de Star Wars e à saga tão complexa e ao mesmo tempo bela criada por George Lucas. Vejo que há pessoas que criticam George Lucas por algumas pequenas falhas. Pois eu não o critico tanto. E penso o seguinte: se podem criticar o criador de STAR WARS, o dono da marca, aquele que inventou a saga por que eu não posso criticar àqueles que gostam de fazer de conta que são o George Lucas, muitas vezes ousando alterar acontecimentos por ele determinados na história?

Porém antes de começar a minha análise mais detalhada desse U.E. (“universo enlouquecido”, na minha visão), trago alguns comentários do próprio George Lucas sobre ele e algumas especulações quanto à continuidade da história:
"Existem dois mundos aqui. Um é o meu mundo, que são os filmes. E há esse outro mundo que foi criado, o que eu digo que é o “universo paralelo”: é o mundo dos livros, jogos e livros cômicos licenciados. Eles não se intrometem no meu mundo, mas se intrometem entre os filmes. Eu não me envolvo com o “universo paralelo”. (George Lucas, Julho de 2001, à revista Cinescape).

“Eu não leio o material. Não li qualquer um dos romances. Eu não sei nada sobre aquele mundo. Esse é um mundo diferente do que é o meu mundo. Mas eu tento mantê-lo consistente. A maneira como eu faço isso agora é que eles têm uma enciclopédia Star Wars. Portanto, se eu chegar a um nome ou alguma outra coisa, eu verifico o problema e vejo se ele já foi usado. Quando eu disse que outras pessoas podem fazer as suas próprias “Star Wars histórias”, decidimos que, como em Star Trek teríamos dois universos: O meu universo e, depois, esse outro. Eles tentam fazer seu universo o mais coerente possível com o meu, mas é óbvio que se entusiasmam e querem sair fora, em outras direções.” (George Lucas, Agosto de 2005, à revista Starlog).

“Não há mais história a ser contada. Tudo foi coberto em livros, videogames, quadrinhos, coisas que considero incrivelmente criativas mas não tenho nada a ver com isso, exceto ser a pessoa que construiu esta caixa de areia onde eles estão brincando”. (George Lucas, maio de 2008, ao jornal Los Angeles Times).

“Sou questionado o tempo todo ‘o que acontece depois de Retorno de Jedi?’ e não há mesmo resposta para isso. Os filmes eram a história de Anakin Skywalker e Luke Skywalker e quando Luke salva a galáxia e redime seu pai é onde a história acaba”. (George Lucas, maio de 2008, ao jornal Los Angeles Times).

"Eles têm o seu próprio tipo de mundo. Há três pilares de Star Wars. Eu vou provavelmente ficar em apuros por isso, mas tudo bem! Há três pilares: do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eu sou o Pai , Howard Roffman (presidente da Lucas Licensing) é o Filho e o Espírito Santo são os fãs, essas pessoas que vêm do mundo etérico com todos os tipos de idéias e histórias diferentes. Agora, esses três pilares distintos nem sempre coincidem, mas os filmes e programas de TV estão todos sob o meu controle, e são consistentes dentro de si próprios.” (George Lucas, maio de 2008 à revista Total Film).

Quando perguntado se ficaria feliz se novas histórias de Star Wars fossem contadas depois de sua morte, Lucas respondeu:
“Deixei instruções bastante explícitas lá, para que não haja mais continuações. Não haverá definitivamente nenhum Episódio VII-IX. É porque não há nenhuma história. Nunca pensei em nada. E agora fizeram novelas sobre os eventos depois do Episódio VI, que não é em absoluto o que eu queria fazer. A história de GUERRA NAS ESRELAS é realmente a tragédia de Darth Vader. Essa é a história. Uma vez que Vader morre, ele não volta à vida, o Imperador não é clonado e Luke não se casa.” (George Lucas, maio de 2008 à revista Total Film).

Em um “Ask the Jedi Concil” de 2001, Steve Sansweet, diretor de relações com fãs respondeu que:
"Quando se trata de cânone absoluto, da verdadeira história de Star Wars, você deve ater-se aos próprios filmes - e somente aos filmes. Mesmo as novelizações dos filmes são interpretações deles, e ao mesmo tempo que elas representam em grande parte a verdade na visão de George Lucas, (ele trabalha bastante estreitamente com os autores desses romances), o método em que estão escritos acabam resultando em pequenas diferenças. As novelizações são escritas enquanto é feita a produção dos filmes, então de vez em quando acontecem apenas pequenas variações. Mesmo assim, elas devem ser religiosamente consideradas como representações ficcionais dos filmes Star Wars.”

OBS: Evitei utilizar comentários muito antigos, feitos no século passado.

Agora, meus comentários:

Acho que George Lucas foi bem claro, assim como Steve Sansweet.

O que acontece é que realmente, quando há muita gente se metendo a trabalhar em uma mesma coisa, essa coisa acaba desandando, fugindo de controle. Por mais que Lucas e sua equipe tentem manter a coerência e a coesão, isso é impossível. Mesmo porque cada escritor descreve um mesmo personagem de acordo com a visão pessoal que tem deste.

Portanto, a verdade absoluta da saga está unicamente nos filmes. O restante é especulação, são os fãs brincando de criar. Fãs que são escritores talentosos, mas no fundo são como qualquer um de nós: fãs de Star Wars imaginando “como eu escreveria essa história se ela fosse minha”.